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O mosaicista Paulo Werneck na Pampulha

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visão global da capelinha da Pampulha
visaoglobaldaCapelinhada Pampulha
o revestimento é em pastilhas vítreas com desenho de Paulo Werneck

o revestimento integral é com pastilhas vítreas
werneckcupulacentrada.jpg
A obra menos conhecida é justo a que envolve a Capela

 O texto a seguir foi produzido para Mosaico On Line, carta comentada sobre obras musivas que envio periodicamente aos amigos e companheiros mosaicista.

 

Paulo Werneck: assinatura PW
assinaturapwbancoboavista.jpg

A obra de Paulo Werneck na Pampulha: patrimônio abandonado

Quando minha filha ligou de Belo Horizonte, dizendo que comprou uma máquina nova, digital, da Canon, não resisti: pedi-lhe que fizesse a grande gentileza de fotografar o revestimento da capelinha de S. Francisco de Assis, na Pampulha, obra consagradora do grande mestre mosaicista dos anos 40 e 50, Paulo Werneck.

A arquitetura do prédio, todos conhecem, é de Oscar Niemeyer, e logo tornou-se um cartão de visita que projetaria sua obra pelo Brasil afora. O prefeito Juscelino Kubitschek, que o convidara para realizar o projeto, iria chamá-lo novamente alguns anos depois, já na condição de presidente da República, para construir os prédios públicos de Brasília, ampliando o reconhecimento de sua arquitetura em todo o mundo.

O conjunto da Pampulha, que foi o traçado genial, esboço primordial da renovação arquitetônica brasileira, depois de certo tempo, ficou no abandono. Há coisa de duas décadas passou por reformas e restaurações, mas depois retornou ao esquecimento. Além da arquitetura admirável e do jardim singelo elaborado por Burle Marx, guarda em seu interior belíssimos painéis em azulejos assinados por Cândido Portinari (cujo centenário de nascimento transcorre neste ano). Grande parte dos ladrilhos que compõem o painel foram fabricados de novo, pelo grande artista ítalo-brasileiro Gianfranco Cerri, hoje com 75 anos, ainda trabalhando em Belo Horizonte, onde reside. Esteve no início deste ano em Brasília, realizando obras de reparação nos portões da Igreja Dom Bosco, na W-3 sul.

Mas pouca gente fala do revestimento musivo das paredes externas da capelinha da Pampulha, que ganharam um traçado modernista, típico da época, assinado pelo painelista Paulo Werneck, um artista consagrado que, a partir da década de  40, produziu e difundiu obras musivas de grande apuro artístico por toda parte neste país.

Entre suas muitíssimas obras em mosaicos com pastilhas vítreas e pastilhas cerâmicas, Paulo Werneck destacou-se na realização de um painel no Colégio municipal de Cataguases, que é um projeto que se distingue na paisagem do Brasil modernista, tanto pelo traçado de Niemeyer, como por haver abrigado um painel de Portinari ("Tiradentes", transferido posteriormente para o Memorial da América Latina, em São Paulo).

Em meados do ano passado, o prefeito César Maia, do Rio de Janeiro, assinou ato de tombamento municipal do prédio número 185 da Avenida Rio Branco, no centro da cidade, denominado "Edifício Marquês de Herval". O prédio é também um marco do período modernista, e, entre as razões de seu tombamento, figura um painel musivo de Paulo Werneck que ladeia a rampa de descida ao subterrâneo, onde fica a tradicional livraria Leonardo Da Vinci, especializada em livros franceses. (Aliás, recomendo a livraria a todos os companheiros mosaicistas. É lá que encontro livros franceses sobre mosaicos, sempre que vou ao Rio).

Não muito longe dali, próximo à Candelária, onde situava-se o antigo Banco Boavista, também é possível encontrar outra obra portentosa do artista, nos mesmos tons azuis e pastéis claros que caracterizaram sua obra nos anos 50.

Pois muito bem, quando recebi de minha filha as primeira fotos do revestimento da Igreja da Pampulha, com o painel de Paulo Werneck, fui tomado por um sentimento de grande frustração e impotência ao verificar a situação de penúria em que se encontra hoje a obra do artista.

Atingido por uma série de buracos, de natureza inexplicável, o painel também foi vitimado por um atentado cometido pela própria paróquia, que abriu um rombo na parede, rompendo o revestimento, para colocar um alto-falante, absolutamente desproposital e impróprio para a cobertura da igreja.

Uma lástima. Dá a impressão de que se trata de uma parte do Iraque atingida pelos bombardeios norte-americanos!

É absolutamente inacreditável o que se passa na Pampulha, sem que se tenha notícia da ação do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional justamente em Belo Horizonte, berço do ex-ministro Gustavo Capanema a quem se deve a idéia de criação do órgão e de Rodrigo de Mello Franco, que o instalou e dirigiu por trinta anos.

 

A tristeza dos buracos que crescem a cada dia
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Estado lamentável de uma obra tão recente

Detalhe do painel de Paulo Werneck
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A beleza modernista característica dos anos 50

Outras obras de Paulo Werneck: Colégio de Cataguases e antiga séde do Banco Boavista na Candelária, Rio de Janeiro

Obra de vanguarda anos 50: Colégio de Cataguases
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Paulo Werneck, um marco na história brasileira da arte musiva

Fragmento do painel para Banco Boavista, Rio
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Um mestre no uso da arte musiva: Paulo Werneck

Vista do Painel no antigo Banco Boavista no Rio
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Paulo Werneck: a preferência pelos tons de azul e pastéis claros