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fachada da casa da flor
casadaflorcasa.jpg
Em S. Pedro da Aldeia (RJ)

Arquitetos e sobretudo psicólogos vêm dedicando estudos nos últimos anos a casos variados do que se convencionou chamar "arquitetura espontânea", em que o morador de uma residência, geralmente sem formação técnica ou acadêmica, vai construindo sua casa indefinidamente, acrescentando adornos, objets trouvés, ladrilhos, cacos, enfim uma série infinita de peças e adereços de colocação muitas vezes curiosa e harmônica. De certa forma, surge, digamos, um mosaicão.  Alguns casos tornaram-se clássicos. Na França, há pelo menos dois casos que ganharam notoriedade internacional: o Palácio Cheval, de Ferdinand Cheval, e a Mansão Picassiette, apelido dado pela imprensa ao varredor do cemitério de Chartres, Raymond Isidore. E no Brasil, é sempre lembrado um caso clássico, o da Casa da Flor, inventada e construída por um trabalhador das salinas de S. Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro, Gabriel Joaquim dos Santos (1892-1985). Sua casa tem sido objeto de estudo e de luta pela preservação, defendida pela professora Amélia Zaluar, e tem merecido análises de críticos de arte, dentre os quais Ferreira Gullar, que o qualificou como "um artista em estado puro".
(Clique sobre a foto e veja o site da professora Amélia Zaluar, completíssimo sobre a casa da Flor)
 

picassiette.jpg

Picassiette
O  caso da Mansão Picassiette merece uma reflexão mais atenta pelos mosaicistas, até porque o apelido Picassiette, conferido por um jornalista  a Raymond Isidore, acabou se tornando nos Estados Unidos, e por tabela no Brasil, sinônimo de uma técnica de utilização de quebras de azulejo para a realização musiva.
Em termos de construção da residência, o caso tem contornos psicológicos que se prestam a uma análise mais demorada sobre a questão terapêutica do trabalho com mosaico para compensar certos casos de desarranjos ou de desajustes interiores. A compulsividade com que se entregou à realização de mosaicos, primeiro no interior da casa, depois no lado externo, cobrindo varandas, jardins, paredes, oratórios e outras áreas revela uma necessidade imperiosa de organização da vida do lado de fora até para garantir o equilíbrio de sua interioridade. Aparentemente, a construção de mosaicos representou para ele uma ponte para preservação da sanidade. Em alguns casos, o trabalho musivo retrata cenas de cartões postais de paisagens francesas, como o Mont Saint Michel, a Torre Eiffel, a Igreja Sacre Coeur de Montmartre e outros mais. Curiosamente, o período de vida e de construção da Mansão Picassiette em Chartres coincide com o da Casa da Flor, de Gabriel Joaquim dos Santos, em S. Pedro da Aldeia. Valeria a pena neste caso um estudo comparativo. Enquanto o primeiro usa de cacos de azulejos, de porcelanas, cerâmicas e seixos, o segundo invade toda a sorte de contribuição fornecida pelos rejeitos:  pedras, lâmpadas quebradas (sua casa nunca teve luz elétrica),  garrafas partidas, tijolos quebrados, além de cacos de azulejos e cerâmicas. Raymond Isidore também pinta e muitas vezes seus mosaicos são realizados em torno de afrescos naïves. Já Gabriel Joaquim dos Santos apenas acrescenta peças recolhidas na sua região de moradia. Para Ferreira Gullar, sua casa é a casa de seus sonhos e é como se ele morasse dentro deste sonho.  Ou como um pintor que morasse dentro de sua tela ou ainda um escultor dentro de sua escultura.

Mansão Picassiete : detalhe de parede
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Piso do oratório da Mansão Picassiette
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Mansão Picassiette em Chartres, França
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Jardim da Mansão Picassiette
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