Joaquim Chavarria,
um mestre catalão visita Brasília
Autor do principal livro vendido no Brasil
sobre arte em mosaico, o artista e professor catalão Joaquim Chavarria esteve no país ao final do ano passado para visitar
sua filha Mônica, que reside em Brasília. A convite de um grupo de artistas mosaicistas da cidade, participou de uma conversa
proveitosa sobre a arte em geral, suas perplexidades e expectativas para o futuro.
Seu livro "O Mosaico", da Editorial
Estampa, escrito originalmente em catalão e traduzido para o português de Portugal, tem hoje versões em espanhol, francês,
inglês dos Estados Unidos e da Inglaterra, polonês e tcheco. Além desta obra, é autor de outros três trabalhos de grande alcance,
sobre Cerâmica, Fundição e Escultura, todos pela mesma Editora e também traduzidos para outras línguas. Enfim, um mestre.
O encontro com Chavarria ocorreu
no dia 23 de dezembro no Espaço JOSÉ de Mosaico, uma casa novíssima construída na Vila Planalto pelo mosaicista José Carlos
Menezes que a concebeu com carinho e profissionalismo para dedicá-la à produção, pesquisa, exposição e ao estudo do mosaico.
Mais de 40 artistas e estudiosos
acorreram ao encontro de Chavarria que, com a ajuda da filha Mônica - uma jovem artista de primeira linha conquistada por
Brasília, onde mora há dois anos -, relatou um pouco de sua atividade em Barcelona e sua maneira de ver a arte contemporânea.
Para os artistas que se envolvem
com a arte musiva, deu um conselho: "Desenhem, desenhem e desenhem. Será sempre bom que tenham uma base sólida em desenho".
Admitiu a dificuldade de viver exclusivamente da produção de mosaico e argumentou que, no que se relaciona à obra de tesselas,
seu trabalho se concentra quase exclusivamente na restauração.
Vivendo e lecionando em Barcelona,
terra de Gaudi, reconhece, porém, que o grande arquiteto catalão não deixou "uma escola gaudiana", sustentando que, no caso
particular dos mosaicos, não houve, mesmo em sua terra, quem desse continuidade ou quem desenvolvesse projetos assentados
no seu estilo.
Observou que o Parque Güell, uma
das obras mais visitadas do gênio catalão, estava meio abandonado até o final dos anos 80, tendo passado por uma grande restauração
ao final daquela década por força do público que iria acorrer aos eventos das Olimpíadas de Barcelona, em 92.
Embora não veja no mosaico uma
arte vitalizada dentro da Espanha de hoje, defende a sua realização como uma atividade essencialmente artística, recusando
a crítica de quem a vê como mero produto artesanal. "Seria possível admitir que os mosaicos bizantinos assim como as obras
realizadas pelos gregos e pelos romanos eram meramente artesanatos"? reagiu prontamente.