Mosaico contemporâneo de Gougon e outras artes

Mosaico contemporâneo: o ponto de virada
Home
Saudades do velho mosaico
Tesselas musivas no espaço escultórico
Novas peças em tesselas de mármores
Aço com tesselas de mármore
Um aparador, o eterno retorno
Mosaico de Portinari no DF
Jogo de Varetas: ferro e pedras
Uma virada na arte contemporânea
Mosaicos pós-contemporâneos
MOSAICOS CONTEMPORÂNEOS EM PARIS
Frida Kahlo: Uma epifania e uma alegoria mexicana
Loucos de Pedra na mídia
Mais intervenções urbanas casando mosaico e poesia
Correio Braziliense publica Mosaico
Poesia e Mosaico nas ruas
Um mosaico para Lúcio Costa
Mais Frida Kahlo
Israel Pinheiro, hematita nas veias
Athos Bulcão para Mercado Municipal de Brasília
Um painel para a UDF
Um mosaico para o Dr. Oscar
Mosaico homenageia Paulo Freire
Um painel abstrato para Imprensa
Calçadas abrem espaço para intervenção
Totens musivos da paz
Mostra Musiva de Brasília
Muitas pedras no caminho de Drummond
Chavarria, um mestre catalão em Brasília
Minha musa judaica
Novos aparadores
Mosaicos de Buenos Aires
A boa arquitetura e o bom mosaico
O mosaicista Athos Bulcão
minhas mulheres
O mosaico espontâneo de Ilana Shafir
Meus painéis de JK na mídia de Brasília
aparadores de parede
Dona Sarah Kubitschek
Bancos de Jardim
Cora Coralina, um painel
Congresso do Mosaico
Posters de mosaicistas estrangeiros

Almas gêmeas: obra em metal e tesselas de mármore
esculturabranca3hp.jpg

Arte contemporânea e o mosaico brasileiro: ponto de virada

 

De há muito meu espírito se inflamava de indagações sobre o sentido das artes contemporâneas, suas contradições, experiências, seus êxitos, fracassos, seus críticos e seus entusiastas.  Tinha absoluta certeza de que o caminho era este, mas vacilava, observava e sobretudo estudava, lendo ensaios, críticas, e me aborrecia com muita maionese nessa área que só aumentava o colesterol das minhas leituras.

Realizei algumas experiências daqui, outras dali, às vezes com madeira, outras vezes com metal, esculturas, objetos, enfim, construí peças sobre as quais pudesse fazer reflexões e alcançar um caminho novo. 

No final de 2004, ao realizar um curso de papel maché e de gesso, realizei algumas peças moldando gesso sobre um trabalho de madeira atassalhada, que logo me proporcionou um resultado muito harmonioso. Mas achei que não bastava e o associei aos mosaicos, não às tesselas comuns, multicoloridas, mas às tesselas unicamente de branco (mármore capixaba) cortadas com torquês de forma a expor o quartzo de seu interior, formando uma espécie de placas de mármores apicoados.

Mélange: gesso e tesselas de mármore branco
melange2hp.jpg

Ainda não tenho certeza se o que fiz foi exatamente um mosaico, ou um simples arranjo de tesselas idênticas, da mesma cor branca, mas o certo é que, com ajuda de massa plástica, adicionei o trabalho às peças de gesso que fizera anteriormente.

Deu um resultado apreciável e tratei de pendurar as peças na parede de meu ateliê em meio a dezenas de outras obras

musivas, de toda sorte, que  venho construindo ao longo dos anos.

A presença dessas peças e os comentários constantes das visitas ao ateliê acabaram despertando minha atenção para o resultado obtido com aquelas peças, mas a observação mais pertinente que detonou uma explosão de novas experiências e conseqüências estaria por vir. Foi mais ou menos em março ou abril, no período em que a mosaicista e companheira Cida Carvalho – uma paranaense residente em Brasília, para onde trouxe a colaboração de sua atividade musiva irrefreável – teve a grande ousadia de promover um curso na cidade ministrado pela artista austríaca Edda Mally, uma senhora septuagenária, de grande vivência nas artes contemporâneas, com destaque na realização de mosaicos.

Em verdade, não participei do curso, estava de caixa baixa, de interesse baixo e enfrentando problemas de saúde na família.  Mas dei o apoio possível, participando da recepção à Professora em sua chegada no aeroporto, nos passeios pelos monumento da cidade, e também numa viagem com ela a Cristalina, a 100 quilômetros de Brasília, onde pôde admirar e adquirir cristais de rocha e outras pedras semi-preciosas.

Dois dias depois, Cida Carvalho teve a grande gentileza e iniciativa de trazê-la num final de tarde até minha casa-ateliê na Avenida W-3 sul. Fiquei muito comovido com a visita e pudemos confraternizar com todo o grupo de alunos em torno de uma mesa e de um lanche próprio para a ocasião.

Melange 2
melange1hp.jpg
Estudo misturando uma placa de gesso a uma ala de mosaico com mármores brancos

Ao final, Edda decidiu subir ao segundo andar da casa para conhecer melhor os trabalhos em meu ateliê. Foi passando batida por todas as obras que me envaideciam, a coleção de retratos de Frida Kahlo, um painel com a figura do artista Athos Bulcão, um mural em homenagem ao Eng. Israel Pinheiro, e  dezenas de outras peças ali colocadas.

Deteve-se, com entusiasmo e perplexidade, diante das pequenas e poucas peças que fiz reunindo os mármores brancos ao gesso moldado em madeira. E falou sem parar sobre a importância daquilo. Ali sim, disse, estava a marca de meu nome. Aquele modesto modelo continha a importância do mosaico contemporâneo, de suas possibilidades de unir o mosaico à arquitetura. Estimulou-me a continuar naquele caminho, a aprofundá-lo, explorá-lo e sobretudo compreendê-lo melhor.

esculturabrancdetalhehp.jpg

Ah, gente, a partir daí, as coisas começaram a acontecer numa escala absolutamente imprevisível.

Rapidamente, fui entrando em outro mundo, unindo materiais diversos, primeiramente o ferro aos minérios de ferro – de resto já mencionado e apresentado neste site. Em seguida comecei a conceber esculturas. Logo uma empresa construtora me pediu uma delas para decorar a entrada de um prédio no setor Sudoeste de Brasília e realizei então uma peça absolutamente própria, juntando a pedra (o mármore branco, apicoado através do torquês) ao ferro pintado de branco. Um sucesso.

Enfim, estou feliz e muito entusiasmado com as possibilidades abertas daqui para frente. Também começo a sentir, a compreender, menos com a razão do que com o coração, o significado da obra contemporânea. E mais seguro de que há uma nova rota, uma nova estrada aberta para ser percorrida, mais iluminada e tão apaixonante quanto as primeiras trilhas e atalhos que me trouxeram até aqui.

Gougon

Em Brasília, outubro de 2005

 

Fotos da Inauguração a 29 de outubro de 2005

Uma grande confraternização na entrega do prédio
almagemeainaugura.jpg

tesselas de mármores no interior da obra
almagemeadetalhehp.jpg
conjugação de pedra e metal agradou moradores

novos moradores surpreenderam-se com a obra
almagemeainaugura2.jpg
Indagavam pelo nome. Almas gêmeas, respondia

Enter supporting content here