
Bem, depois de alguns experimentos no campo da tridimensionalidade com chapas de aço e minérios de ferro,
abri uma nova frente de trabalho para produção de esculturas unindo as chapas de aço com tesselas cortadas a torquês envolvendo
as peças, numa conjugação harmoniosa e de resultado muito feliz. Desta vez, no lugar da matéria enferrujada, que compunha
bem com o minério de ferro (basicamente limonita e especularita), utilizei pintura automotiva, com finalização em estufa,
para oferecer uma apresentação digamos mais bem acabada, com recurso às tesselas cortadas de forma a expor os cristais de
seu veio interior. Gostei do acabamento e todas as pessoas a quem convidei para ver a novidade aqui no jardim de meu ateliê,
apreciou muito a peça, de forma que decidi exibí-la aqui neste espaço para repartir minha alegria com todos e para poder apresentar
um caminho novo no campo da escultura, que guarda, e muito, a forte influência que sempre recebi do aprendizado permitido
pelo uso do velho e bom mosaico. Há aqui uma lealdade de raiz. Serviu como ponto de partida para poder avançar e abrir caminho
na medida em que aprofundo a pesquisa em outras linguagens artísticas, neste caso a escultura em chapas de aço. Ao acrescentar
as tesselas em mármore, consegui um resultado novo, único, original e autêntico, que só consegui por conta de tanto tempo
operando na base de uma construção sólida através do mosaico. Há poucos dias, li uma entrevista do cineasta Eduardo Coutinho,
que me veio à cabeça agora: a técnica, dizia, é apenas uma coisa que a gente deve conhecer bem para não perder tempo com ela
na hora de realizar um filme. Acho que é por aí. O conhecimento do mármore, sua divisão em tesselas, seu emprego, suas cores,
tonalidades, veios e seus meandros deve ser bem conhecido para que não tenhamos dificuldades para abrir caminho ao percorrermos
outras trilhas artísticas.

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