Mosaico contemporâneo de Gougon e outras artes

Niemeyer veta painel de Portinari realizado em 57

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Esta é uma novela que parece não ter fim, mas que ninguém se engane: podem passar 50, 100 ou 200 anos, mas um dia o painel que Portinari concebeu em 1957 para o Palácio Alvorada será construído.  É algo inevitável. Por ora, no suspiro de seus 99 anos, Oscar Niemeyer não explica seu veto absurdo nem se importa com o que pensem dele.  Em respeito à sua idade, o filho de Portinari silenciou. João Cândido é um professor estimadíssimo na PUC-Rio, onde estabeleceu a sede do projeto Portinari, responsável por quase três décadas levantando o acervo do pai.
Mas a expressão da obra de Portinari e o carinho dos brasileiros para com seu mais importante artista plástico de todos os tempos acabarão pesando em favor da reconstituição da obra que legou para a Capela do Palácio Alvorada em Brasília.  (Gougon, 2006)
 

Eis os dois projetos para mosaico que Portinari concebeu para a Capela do Alvorada. Após examinar os trabalhos, Oscar Niemeyer disse que não vê relação entre os projetos e a Capelinha do Palácio Alvorada. Sem comentários.

portinaricristoeapostolos.jpg

portinariparacapelinhadoalvorada.jpg

Eis o texto, assinado pela Jornalista Lilian Primi, publicado pelo Estado de S. Paulo em 19 de setembro de 2006 sobre a recusa de Niemeyer em concretizar a obra de Portinari na Capela do Palácio Alvorada:

 

 

Terça-feira, 19 setembro de 2006      

CADERNO 2

 

Polêmica dificulta execução de outra maquete

Pintor teria criado desenho para capela do Palácio do Alvorada, mas Niemeyer alega desconhecimento

 

 

'Aí vai a minha opinião.

 

É estranho que depois de quase 50 anos apareça um desenho de Portinari para a capela do Alvorada. Nunca tinha visto esse desenho, e é sem ele que a capela foi tombada. E o pior é que não vejo nenhuma relação das duas versões da foto com a capela.

 

Cordialmente,

 

Oscar Niemeyer'

 

Os desenhos a que Niemeyer se refere são as outras maquetes para mosaico encontradas por João Cândido Portinari, que teriam sido criadas para o altar da capela do Palácio do Alvorada. 'Esta obra , Jesus e os Apóstolos, foi encomendada a Portinari em 1957 pelo grupo que construiu Brasília', diz João, que desde 2004 tenta executá-las. 'Tivemos uma chance na restauração do Palácio (entregue em abril). Todas as instâncias aprovaram, mas nada aconteceu', diz.

 

'Iria corrigir a inexplicável ausência de Portinari em Brasília. Afinal ele viveu a aventura modernista ao lado de Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Bruno Giorgi e Burle Marx', argumenta o mosaicista Henrique Gougon, companheiro de João na luta pela execução das maquetes. João já cogitava que o veto poderia ter sido de Niemeyer. 'Levei a ele a documentação, incluindo cartas e o desenho que meu pai fez, à mão, do altar. Não me respondeu até hoje e acredito que essa tenha sido uma forma educada de recusar', diz. E como o arquiteto é o 'pai da criança', João se calou.

 

Mas a reportagem procurou por Niemeyer: 'Nunca vi esses desenhos. Não vou mexer. As pessoas gostam assim', foi a primeira resposta. Em seguida, Niemeyer aceitou ver as cópias que estavam em poder do Estado, que foram enviadas por e-mail junto com uma cópia da carta escrita por ele a Israel Pinheiro, que chefiava a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), em fevereiro de 1958, em que dá sua opinião e trata de detalhes da proposta. O trabalho seria pago em três vezes, em parcelas de Cr$ 500 mil, Cr$ 200 mil e Cr$ 800 mil. A resposta veio dois dias depois (a que está em destaque no início deste texto).

 

A reportagem ligou ainda uma vez e perguntou: a relação que o senhor diz não existir é conceitual ou física? Explica-se: Niemeyer deu uma entrevista em 1957 ao crítico Jayme Maurício, dizendo que Portinari faria 'a decoração da capela de Brasília, com murais em preto-e-branco, lineares apenas, pelas paredes, um grande vitral no teto, além de azulejos dourados que fará vir da Itália'. E o desenho apresentado agora a Niemeyer, de fato, não se parece em nada com essa descrição. Niemeyer respondeu ao Estado que 'Portinari foi meu amigo, trabalhamos juntos, mas esses desenhos eu nunca vi.'

 

Diante da insistência da repórter - 'Mas o João Cândido disse que entregou toda a documentação ao senhor...' -, ele se esquiva: 'Não conheço esses desenhos', repete, ignorando a pergunta. Um direito que lhe reserva a idade avançada, já perto dos 100 anos, a completar no ano que vem. A ligação foi encerrada sem que os motivos que levam o arquiteto a impedir a realização de obra inédita do companheiro e amigo ficassem claras.

 

José do Nascimento Júnior , diretor do departamento de Museus e Centros Culturais do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), diz que estuda uma forma de viabilizar a execução dessas maquetes. 'Podemos encontrar outro lugar, no Palácio mesmo. O importante é dar uma solução que agrade a todos', diz.

 

 

           

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